Será que a suplementação com probióticos pode reduzir o risco de transtornos mentais em crianças, incluindo nas desordens de TDAH e do espectro do autismo?
Há uma quantidade crescente de estudos que indicam que as alterações do tipo de bactérias que vivem no nosso tracto gastrointestinal podem influenciar a função do cérebro, o humor e a saúde mental de forma geral. E este estudo que apresento aqui é o primeiro a demonstrar que a suplementação com probiótico no
início da vida pode ser uma forma eficaz de reduzir a crescente onda de
distúrbios cerebrais em crianças, tais como o caso do transtorno de hiperactividade,
défice de atenção e espectro autista.
A teoria é que níveis baixos de bactérias
intestinais benéficas, como a Lactobacillus e a Bifidobacteria nas crianças
leva a um aumento das bactérias produtoras de toxinas, tais como espécies de
Clostridium.
Para testar a hipótese de que a suplementação com
probióticos pode proteger contra o desenvolvimento de TDAH, os pesquisadores
na Finlândia olharam mais de perto para um estudo que foi originalmente
concebido para testar o efeito da suplementação precoce com probiótico na infância no desenvolvimento de eczema.
O estudo foi desenhado para ser duplo cego e controlado por placebo. Assim, as mães de 159 crianças foram
recrutadas e randomizadas. Foi-lhes dado a tomar 10 bilhões de unidades formadoras de colónias de Lactobacillus rhamnosus ou
placebo diariamente durante 4 semanas antes do parto. Após o parto, foi dado o conteúdo
da cápsula, às crianças ou às mães que estavam a amamentar, durante um período
de 6 meses.
Para avaliar para uma possível ligação entre a suplementação
de probiótico e o TDAH, 75 dessas crianças foram avaliadas por um
psiquiatra infantil experiente ou neurologista não envolvido no estudo e as crianças foram randomizadas e "cegadas" de modo a não produzirem qualquer estudo viés.
Os resultados mostraram que o TDAH foi diagnosticado em 6/35 (17,1%) das crianças que se encontravam no grupo placebo enquanto que nenhum caso foi diagnosticado no grupo que se encontrava a tomar o probiótico (0/40). A probabilidade de isso acontecer foi de 0,008, indicando que não foi
devido ao acaso, mas sim de um efeito claro.
Como as amostras de fezes foram armazenadas, os
pesquisadores foram capazes de analisar as crianças pelas bactérias intestinais
durante os primeiros seis meses de vida. O que os pesquisadores descobriram foi
que o número de bactérias de espécies de Bifidobacterium nas fezes durante os
primeiros 6 meses de vida foi menor nas crianças com TDAH em comparação com as
crianças saudáveis.
Os pesquisadores concluíram que "a suplementação com probióticos no início da vida pode reduzir o risco de desenvolver este transtorno neuropsiquiátrico mais tarde na infância".
As alterações nas bactérias do intestino e/ou da função do trato gastrointestinal pode ser um factor importante no desenvolvimento de transtornos comportamentais na infância.
Fontes:
- Pärtty
A, Kalliomäki M, Wacklin P, Salminen S, Isolauri E. A
possible link between early probiotic intervention and the risk of
neuropsychiatric disorders later in childhood: a randomized trial.
Pediatr Res. 2015 Mar 11. doi: 10.1038/pr.2015.51.
[www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25760553]
- https://doctormurray.com/new-study-shows-probiotics-may-prevent-adhd-and-autism-spectrum-disorders
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