Um estudo recente confirma alguns dos princípios básicos do Livro
“Wheat Belly” do autor Dr. William Davis, onde argumenta que evitar o consumo
de trigo resulta numa perda de peso saudável.
Publicado no Journal
of Nutritional Biochemistry em Dezembro de 2012, e intitulado "Gluten-free
diet reduces adiposity, inflammation and insulin resistance associated with the
induction of PPAR-alpha and PPAR-gamma expression[1],"
este estudo comparou os efeitos de uma dieta comum com glúten a uma dieta sem glúten
em ratos.
Os ratos foram
alimentados com uma dieta rica em gordura contendo 4.5% de glúten (grupo de controlo)
ou sem Glúten (GF). Os pesquisadores então avaliaram os seguintes 16 parâmetros
em ambos os grupos
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Peso
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Aumento de Adiposidade
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Papel e adesão dos leucócitos
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Infiltração dos macrófagos
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A produção de citocinas no tecido adipose
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Perfil lipídico do sangue
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Glicémia
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Resistência á insulina
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Adipocinas
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Expressão do PPAR-α e γ
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Lípase lipoprotéica (LPL)
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Lípase Hormonal sensitiva (HSL)
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Carnitina palmitoil aciltransferase-1 (CPT-1)
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Receptor de Insulina
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GLUT-4
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Adipocinas na gordura subcutânea
Concluiu-se que em relação aos ratos alimentados com glúten, os ratos
na dieta sem glúten demonstraram uma redução no peso corporal e adiposidade,
sem alteração da ingestão de alimentos ou da excreção lipídica.
Conclui-se assim que o ganho de peso associado ao consume de trigo tem
pouco a ver com o conteúdo calórico por si; em vez disso, as proteínas do glúten
(e provavelmente as lectinas[2]
do trigo) perturbam os processos endócrinos e exócrinos no corpo, assim como a
expressão de genes nucleares que são modulados diretamente.
Por vezes, esquecemo-nos que os alimentos não são apenas uma fonte de
energia ou material para construir tijolos no nosso corpo, mas também uma fonte
de Informação. A forma como cada alimento interage diretamente com os
genes, a expressão dos genes, ou a estrutura e função do gene, é objetivo de
estudo do novo campo de investigação da nutrigenómica. O trigo, assim como
qualquer coisa que tentemos usar como alimento, contém energia/material e
informação que o corpo irá usar para manter a integridade genética ou para interferir
com ela.
Para certos alimentos, o nosso corpo teve centenas de anos para se adaptar,
mas o trigo, é um alimento relativamente recente e particularmente a sua
permutação moderna, é uma fonte biológica e evolutivamente nova de energia/matéria
e informação. Sem contar que passamos imenso tempo a manipular os seus genes
através da criação seletiva e de hibridação, e por sua vez, modificando a nossa
própria expressão dos genes e vias biológicas relacionadas.
Os pesquisadores afirmaram que os resultados observados estavam
associados à "up-regulation de PPAR-α, LPL, HSL and CPT-1, que estão
relacionados com a lipólise e oxidação dos ácidos gordos."
Também, houve uma melhoria na homeostase da glucose e do valor
pró-inflamatório relacionado com o perfil da super expressão de PPAR-γ entre os animais sem glúten.
Conclusões:
Os dados obtidos apontam para os efeitos benéficos da
alimentação sem glúten na redução da adiposidade, inflamação e Resistência à
insulina. Os dados, sugerem que a exclusão do glúten da dieta deve ser testado
como uma nova abordagem na prevenção da obesidade e desordens metabólicas.
[2] Substâncias químicas que servem para defender esses grãos do
ataque de microrganismos - bactérias, vírus, fungos e parasitas - e que são
tóxicas para o nosso organismo, embora possam diminuir a sua toxicidade quando
os alimentos são submetidos à cozedura.
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