Muito se tem falado ultimamente na prática do jejum e como é uma das técnicas mais antigas de cura da Naturopatia, deixa-me muito feliz ver que esta ferramenta terapêutica está a ressurgir das profundezas das cinzas tal como Fénix em prol de uma maior consciencialização acerca do nosso corpo, tanto físico, como mental e emocional/espiritual.
A ânsia com que vivemos actualmente neste sistema de consumo, onde trabalhamos em empregos convencionais (que muitas vezes nem sequer gostamos), onde esprememos o nosso
planeta terra a tal ponto que quase ou nada sobra e avançamos sem pensar muito
nas consequências das nossas acções fez-nos desconectar da nossa intuição, do nosso eu interno que rege as tropas pelo bem comum da auto-regeneração orgânica. O mesmo se aplica à nossa alimentação,
onde seguimos quase que inconscientes acerca das consequências de uma
alimentação baseada em alimentos cujos os ingredientes não sabemos nem pronunciá-los nem tão pouco o que são ou de onde vêm.
Nesse estado de
transe, o nosso corpo sofre consequências graves de todos os hábitos criados
pelo nosso dia-a-dia/sociedade de consumo que fogem aos padrões originais da
natureza. O nosso organismo
necessita de parar de forma a desfazer este círculo vicioso ao qual fomos educados
a seguir e é aí que entra o jejum terapêutico.
O jejum é usado há
milhares de anos como terapia para ajudar o organismo a se desintoxicar e
rejuvenescer de todos os tipos de problemas. É definido como a não ingestão de
alimentos voluntariamente durante vários períodos. Muitos dos sistemas de saúde
mais antigas do mundo baseavam-se no jejum para tratar e prevenir doenças. Hoje já se encontra provado pela comunidade científica que o jejum faz uma espécie de reboot ao nosso sistema imunitário fazendo-nos rejuvenescer a nível celular uns largos 5 anos para cada 14 dias de jejum.
O
pai da medicina (leia-se Naturopatia) descobriu que o jejum ajudava o organismo
a se recuperar. Nos seus escritos, Hipócrates realçava o enorme potencial de
cura do jejum. Actualmente o jejum é cada vez mais praticado e aceite como
método terapêutico.
O
benefício básico do jejum é proporcionar ao organismo um descanso, ou seja, é uma forma de oferecer aos órgãos digestivos uma pausa para
digerir os alimentos. A digestão utiliza uma enorme quantidade de energia e o
organismo pode usar essa energia de reserva para a cura e regeneração. Além
disso, o jejum evita que outras substâncias tóxicas entrem no organismo e, ao
mesmo tempo, permite a expulsão de toxinas. Isto é válido principalmente para o
fígado, que decompõe e metaboliza todas as substâncias tóxicas que entram
no organismo.
Durante
o primeiro dia de jejum, o organismo queima maioritariamente açúcar/glicose armazenada, depois
começa a queimar gordura para obter combustível. No entanto, há uma excepção e
isso ocorre com o cérebro, que requer açúcar no sangue.
Durante
o segundo dia de jejum, algum tecido muscular é decomposto em aminoácidos, que
são convertidos pelo fígado em glicose para alimentar o cérebro. Do segundo ao
terceiro dia de jejum, o organismo passa por um processo de cetose. Nesta fase,
o fígado converte a gordura armazenada em substâncias químicas chamadas
cetonas, que podem ser usadas pelo cérebro, pelo coração e pelos músculos para
produzir energia.
Em
geral, durante este período, as pessoas deixam de sentir fome e têm um aumento
de energia e uma maior noção de consciência, que muitas vezes inclui clareza da
mente e do espírito. Como a gordura é cada vez mais queimada como combustível, as toxinas armazenadas (como pesticidas e outras substâncias químicas) são libertadas na corrente sanguínea para serem metabolizadas pelo fígado e pelos rins. As pessoas podem perder até 900g por dia durante esta
fase, mas não deve ser uma ferramenta utilizada para a perda de peso, pois passar por um jejum terapêutico sem uma reeducação alimentar é conta certa para repor ou aumentar ainda mais a quantidade de gordura libertada durante o processo.
Duração do Jejum: A duração do jejum depende da saúde
da pessoa. Quanto mais saudável a pessoa, mais tempo ela pode jejuar. Muitos
profissionais recomendam jejuns de 2 a 3 dias a cada mudança de estação. É mais
comum recomendar-se um jejum na primavera para limpar o organismo de toxinas
que se acumulam durante o inverno. Algumas pessoas gostam de fazer jejuns de
prevenção 1 dia por semana ( mais recomendado pela Naturopatia).
O jejum mais
básico é o jejum de água, em que consumimos apenas água durante um período
especifico de tempo. Este é o jejum mais agressivo usado em pessoas saudáveis e
com experiências em jejuns. Os mais inexperientes devem começar com o jejum de
1 dia. Nesse dia deve-se beber no mínimo 2 litros de água.
Os jejuns baseados
em sumos são os mais populares mas menos intensos que os de água porque os
açucares naturalmente presentes nos sumos de hortaliças e frutas evitam o
processo de cetose.
Os sumos mais
utilizados são os de cenoura, limão, maçãs, beterraba, aipo e hortaliças verdes
como a erva de trigo, a couve e a espirulina. Este é o tipo de jejum mais
indicado para quem o faz pela primeira vez ou para quem tem um ritmo diário
mais intenso.
Como começar: É importante
começar e parar o jejum de forma adequada. A melhor forma é ir diminuindo
gradualmente a quantidade de alimentos consumidos 3 dias antes do jejum. Também
se deve evitar ingerir alimentos mais pesadas, como os lacticínios e as carnes.
Um
dia antes do jejum, a alimentação deve ser baseada em alimentos fáceis de
digerir como saladas, frutas, legumes e infusões.
Opções
de jejuns:
Jejum
de 18 horas: O primeiro jejum que podes experimentar é o de 18 horas.
Este jejum pode ter início às 19h de um dia e terminar às 13h do seguinte. Este jejum dá um descanso ao corpo, mas não deve ser feito repetidas vezes
na semana pois pode levar o corpo a um hábito de reservar energia, o que pode
gerar acumulo de gorduras.
Jejum
de 24 horas: Este jejum é um verdadeiro
alívio para o corpo. Experimenta ficar 24 horas sem comer e verifica os benefícios.
Jejum
de 36 horas ou mais: 36 horas é o jejum máximo que recomendo para as pessoas fazerem sem
acompanhamento de um profissional. Após essas 36h o apoio é fundamental pois as flutuações tanto emocionais como de sintomas antigos emergem em ondas/picos que por vezes o indivíduo não consegue lidar sozinho. No entanto, é uma
linda oportunidade de cura, de renovação dos tecidos, de transmutação de
emoções e de crescimento espiritual. Ficares 36 horas sem comer é como
participares de um curso intensivo sobre ti convivendo intensamente com os teus pensamentos e sentimentos.
Como terminar: O fim do jejum
deve ser semelhante ao seu inicio. Deve-se fazer uma transição gradual para
alimentos leves durante alguns dias e depois incorporar outros alimentos.
Segurança: Um jejum com
duração superior a três dias deve ser supervisionando pelo médico ou
naturopata. Pessoas com problemas de açúcar no sangue, como hipoglicémia ou
diabetes, devem consultar o médico antes de iniciar qualquer jejum. Também para
doenças sistémicas.
Sintomas: É comum as
pessoas terem sintomas de desintoxicação, entre eles, a fadiga, dor de cabeça,
dificuldade em respirar, náuseas, urticárias ou sensação de constipação/gripe.
Estes sintomas vão passando à medida que o jejum progride, depois do 2º ou 3º
dia.
É
importante descansar muito durante o jejum. O exercício e a actividade
intelectual deve ser leve.
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