Este artigo foi originalmente escrito para a Associação Semear Saúde, pode ser consultado clicando neste LINK
O Transtorno do Défice de Atenção
com Hiperactividade (TDAH) é uma condição física caracterizada pelo débil
funcionamento e sub desenvolvimento de certas estruturas do cérebro, como os
lobos frontais. Estes, por exemplo, encontram-se menos desenvolvidos e como tal
são pouco eficientes na comunicação entre neurónios, no uso do glicogénio e
oxigénio e na circulação sanguínea nesta parte do cérebro. E porque é que esta informação é relevante? Porque as principais
funções dos lobos frontais prendem-se com a capacidade de estarmos atentos, na
tomada de decisões, no planeamento, na organização, na resolução de problemas e
no controlo das emoções.
Assim, podemos dizer que o
transtorno do déficit de atenção e hiperactividade (TDAH) são condições
neurológicas e comportamentais que dificultam a concentração, promovem a impulsividade
e o excesso de energia. Para estas crianças (e alguns adultos), o desafio para
se concentrarem e ficarem parados é enorme, ao ponto de lhes ser quase
literalmente doloroso.
Ao contrário do que se supõe, o TDAH
não é recente. As primeiras descrições sobre esta condição transportam-nos ao ano
de 1798, quando o médico escocês Sir
Alexander Crichton, descreveu um estado mental com as principais características
do TDAH - inquietação, problemas de atenção, início precoce - e como isso afectava
a capacidade de sucesso escolar.
Hoje em dia, infelizmente o TDAH
é a condição psicológica mais diagnosticada nas crianças. O transtorno do
déficit de atenção com hiperactividade é mais detectável no sexo masculino do
que o feminino mas acredita-se que afecta ambos os sexos de igual forma e estima-se
que 7 a 8% das crianças em Portugal num universo de cerca de 100mil crianças,
recebam um diagnóstico de hiperactividade. Embora estes números sejam
assustadores, as estatísticas também indicam que cerca de 40% das crianças
diagnosticadas deixam de ter sintomas na adolescência, teoricamente porque o
cérebro ao se desenvolver vai-se reajustando e retornando gradualmente ao
padrão “normal” do desenvolvimento.
Quando, por algum motivo, se fala
no TDAH é comum surgirem argumentos apontando como exclusivo problema a falta
de educação que essas crianças receberam, o que nada mais é do que o fruto de
alguma desinformação com uma pitada de algumas avaliações mal executadas que
levam a que as crianças obtenham diagnósticos inconsistentes com o seu estado
de graça.
A realidade é que a predisposição
genética tem uma elevada responsabilidade mas isso não implica que o transtorno
do déficit de atenção seja hereditário. O que é herdado é a alteração genética,
a susceptibilidade biológica para uma maior dificuldade de atenção e
auto-regulação. No entanto, nenhum factor pode, actualmente, ser
responsabilizado de forma isolada, pois estamos perante uma condição
multifactorial associada à interacção com diversos factores ambientais. Assim,
assume-se que dentro deste contexto não existe uma única causa mas sim um
conjunto de causas que na sua interacção ditam a manifestação e intensidade da
condição clínica.
Alguns dos principais factores
ambientais responsáveis pela mutação genética podem dar-se durante o período de
gestação ou inicio de vida através de comportamentos de risco como o fumo do
tabaco, drogas, álcool, metais pesados, químicos/pesticidas/adubos agrícolas, a
exposição constante ao stress, traumas emocionais/físicos e principalmente a
nutrição da mãe nos meses anteriores à concepção, durante a gestação e nos
primeiros tempos de vida do bebé.
Ainda assim, a severidade dos
sintomas pode variar muito de criança para criança, dependendo da dieta e do
ambiente onde se encontra. São exemplos padrão a dificuldade de concentração e
diminuição do foco, a distracção fácil, o tédio constante, a dificuldade na
execução e finalização de tarefas de organização e um comportamento inquieto.
O tratamento actual mais comum
para o TDAH é o uso de medicamentos como o Concerta® e a Ritalina® ambos os
quais têm sido associados a pensamentos suicidas e alterações de personalidade.
A Ritalina® é um estimulante do sistema nervoso central, que pode causar
nervosismo, agitação, ansiedade, insónia, vómitos, aumento da frequência
cardíaca e até psicose. O Concerta® é uma anfetamina altamente viciante em uso
prolongado. Os efeitos colaterais incluem tremores, alucinações, espasmos
musculares, batimentos cardíacos irregulares e oscilações de humor.
Com estes efeitos secundários, é
fácil perceber o porquê de tantas pessoas procurarem complementos ao tratamento
do transtorno do déficit de atenção com hiperactividade. A boa notícia é que a
abordagem complementar naturopática a este distúrbio auxilia a vida da criança
de forma bastante eficaz e sem efeitos colaterais. Mas como é que isso é possível? Simples!!
O trabalho do naturopata é “limpar o terreno” para auxiliar o corpo
a voltar ao equilíbrio e com base nessa premissa, as principais ferramentas a
que a naturopatia recorre é à nutrição, suplementação e estilo de vida. E porquê?
1º Porque o alimento é o combustível do nosso corpo, que ou nos
beneficia ou nos prejudica e como é através dele que permanecemos vivos, é
necessário identificar aqueles alimentos que condicionam a evolução positiva da
criança com TDAH, como por exemplo os aditivos alimentares, dos que auxiliam a
sua resolução como os alimentos ricos em vitamina B6 necessária ao corpo para a
produção de neurotransmissores essenciais, incluindo a serotonina, a dopamina e
a norepinefrina.
2º Porque a suplementação pode ajudar a suprimir algumas
deficiências funcionais que a criança possa estar a evidenciar como a
necessidade aumentada de Omega-3, nomeadamente EPA e DHA associados a questões
de aprendizagem e comportamento.
3º Porque as alterações no estilo de vida são fundamentais para que
a criança tenha um futuro próspero e essas alterações vão desde mudanças nos
hábitos alimentares de forma a suprimir possíveis sensibilidades nutricionais
até à implementação de hábitos regulares de exercício físico adequado à
capacidade de foco da criança passando também pela higienização dos padrões
educacionais dos pais, incentivando a uma abordagem positiva a nível
disciplinar, apostando no reforço positivo em detrimento do negativo, que por
sua vez aumentará a auto-estima da criança, criará um ambiente que apoia a
criatividade, que estimula a aprendizagem e beneficiará o seu desenvolvimento
emocional.
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