Avançar para o conteúdo principal

Benefícios da amamentação com desmame natural, por Kelly Bonyata

Escrito por Kelly Bonyata

Amamentar crianças maiores têm benefício nutricional



Pesquisas mostram que o leite materno durante o segundo ano de vida da criança é muito parecido com o leite no primeiro ano (Victora, 1984). No segundo ano de vida, 500ml de leite materno proporciona à criança:


- 95% do total de vitamina C necessário
- 45% do total de vitamina A necessária
- 38% do total de proteína necessária
- 31% de caloria do total necessária (UNICEF/Wellstart: Promoting Breastfeeding in Health Facilities: A short course for Administrators and Policy Makers; WHO/CDR 93.4)

Leite materno permanece sendo um fonte importante de proteina, gordura, cálcio e vitaminas mesmo após os dois anos de vida (Jelliffe and Jelliffe,1978)

Alguns médicos podem pensar que a amamentação vai interferir em relação ao apetite da criança para outros alimentos. Contudo não existem pesquisas indicando que a criança amamentada têm maior tendência a recusar outros alimentos que a criança que já desmamou.

Na verdade, a maioria dos pesquisadores em países subdesenvolvidos, onde o apetite de uma criança desnutrida pode ser de importância vital, recomendam que a amamentação continue para crianças com desnutrição severa (Briend et al, 1988; Rhode, 1988; Shattock and Stephens, 1975; Whitehead, 1985).

Crianças maiores que ainda amamentam adoecem menos

Os factores de imunidade do leite materno aumentam em concentração, à medida que o bebé cresce e mama menos. Portanto, crianças maiores continuam recebendo os benefícios da imunidade (Goldman et al, 1983).

Um estudo de Bangladesh demonstra, dramaticamente, os efeitos que essa imunidade pode ter. Nessas péssimas condições de vida, descobriu-se que crianças desmamadas entre o 18º e 36º mês de vida dobraram os riscos de morte (Briend et al, 1988). Este efeito foi atribuído especialmente aos factores de imunidade, apesar de que, provavelmente a nutrição também foi muito importante.

Claro que, em países desenvolvidos o desmame não é uma questão de vida ou morte, mas a amamentação por mais tempo pode significar menos idas ao pediatra. Crianças entre 16 e 30 meses, que ainda são amamentadas, adoecem menos e por menos tempo que as que não são (Gulick, 1986)

Crianças amamentadas têm menos alergias

Está bem documentado que quanto mais tarde se introduz leite de vaca e outros alimentos alergénicos, menos provavelmente essas crianças vão apresentar reações alérgicas (Savilahti, 1987).

Crianças amamentadas são mais inteligentes

Crianças que foram amamentadas têm melhor performance na escola e maiores notas (Horwood and Fergusson, 1998). Os autores desse estudo, que acompanhou crianças até os 18 anos descobriram que quanto mais tempo as crianças são amamentadas, maiores as notas que recebem nas avaliações.

Crianças amamentadas são mais ajustadas socialmente

Um estudo com bebés amamentados por mais de um ano mostrou uma ligação significante entre a duração do período de amamentação o ajustamento social em crianças de 6 a 8 anos de idade. (Ferguson et al, 1987). Nas palavras dos pesquisadores: "Existem tendências estatísticamente significantes para que a desordem na conduta diminua com o aumento da duração da amamentação". Mamar durante a infância ajuda bebés e crianças a fazer uma transição gradual. Amamentação é um amororso jeito de atender as necessidades das crianças e bebés. Ajuda a superar as frustrações, quedas e machucões e o stress diario da infância.

Atender as necessidades de dependência da criança, de acordo com o tempo único da criança é a chave para ajudar a criança a alcançar sua independência. Crianças que conquistam sua independência em seu próprio ritmo são mais seguras dessa independência que as crianças dorçadas a isso prematuramente.

Amamentar crianças maiores é normal

A "American Academy of Pediatrics" recomenda que as crianças sejam amamentadas por ao menos todo o primeiro ano de vida, e por mais tempo se a mãe e o bebê quiserem (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS Policy Statement, 1997). A Organização Mundial de Saúde reforça a importância de amamentar até os dois anos de vida ou mais (Innocenti Declaration, 1990). A média de idade de desmame, em todo o mundo é de 4.2 anos. (Davidowitz, 1992)

Mães que amamentam por mais tempo também são beneficiadas

a) A amamentação prolongada pode diminuir a fertilidade e suprimir a ovulação em algumas mulheres
b) A amamentação reduz o risco de câncer de ovário (Schneider, 1987)
c) A amamentação reduz o risco de câncer de útero (Brock, 1989)
d) A amamentação reduz o risco de câncer de câncer de endométrio (Petterson, 1986)
e) A amamentação protege contra osteoporose. Durante a amamentação a mulher experimenta uma diminuição na densidade óssea. A densidade óssea de uma mãe que está amamentando pode ser reduzida, em geral em 1 a 2%. No entanto, a mãe tem essa densidade de volta e pode até ter um aumento, quando o bebé é desmamado. Isso Não depende de um suplemento adicional na alimentação da mãe. (Blaauw, 1994)
f) A amamentação reduz o risco de câncer de mama (McTieman, 1986; Layde, 1989; Newcomb, 1994; Freudenheim, 1994).
g) A amamentação tem demonstrado diminuir a necessidade de insulina da mãe diabética (Davies HA, British Med J, 1989).


Referências:

Nursing Beyond One Year by Sally Kneidel, NEW BEGINNINGS, Vol. 6 No. 4, July-August 1990, pp. 99-103.

Ahn, C H and MacLean, W C. Growth of the exclusively breastfed infant. Am J Clin Nutr 1980; 33:183-92.

AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS Policy Statement: Breastfeeding and the Use of Human Milk (RE9729), Pediatrics, Volume 100, Number 6, December 1997, pp 1035-1039.

Blaauw, R. et al. Risk factors for development of osteoporosis in a South African population. SAMJ 1994; 84:328-32

Briend, A. et al. Breast feeding, nutritional state, and child survival in rural Bangladesh. Br Med J 1988; 296:879-82.

Brock KE, Med J Australia, 1989

Davies HA, British Med J, 1989

Ferguson, D. M. et al. Breastfeeding and subsequent social adjustment in six- to eight-year-old children. J Child Psychol Psychiatr Allied Discip 1987; 28:378-86.

Freudenheim J, Epidemiology, 1994

Goldman, A. S. et al. Immunologic components in human milk during the second year of lactation. Acta F'aediatr Scand 1983;722:133-34.

Gulick, E. E. Effects of Breastfeeding on Infant Health. Pediatr Nurs 1986; 12(1): 51-54.

Horwood LJ and D M Fergusson, Breastfeeding and Later Cognitive and Academic Outcomes, PEDIATRICS Vol. 101 No.1 January 1998, p. e9

"Innocenti Declaration on the Protection, Promotion and Support of Breastfeeding" (1 Aug 1990), adopted by 32 governmentsand 10 UN and other agencies at a WHO/UNICEF meeting cosponsored by USAID and SIDA.

Jelliffe, D. B. and Jelliffe, E. F. P. The volume and composition of human milk in poorly nourished communities. A review. AmJ Clin Nutr 1978; 31:492-509.

Layde PM, J Clin Epidemiology, 1989

McTieman A, Amer J Epidemiology, 1986

Newcomb P et al, N Engl J Med, 1994

Novello A, MD, US Surgeon General, "You Can Eat Healthy," Parade Magazine (11 Nov 1990): 5.

Petterson B et al, Acta Obstet Gynecol Scand, 1986

Rohde, J. E. Breastfeeding beyond twelve months. Lancet 1988; 2:1016.

Savilahti, V. M. et al . Prolonged exclusive breast feeding and heredity as determinants in infantile atopy. Arch Dis Child 1987;62 269-73.

Schneider AP, NE J Med, 1987

Shattock, F M. and Stephens, A. J. H. Duration of breastfeeding. Lancet 1975; 1:113-14.

Tangermann, R. H. et al. Breastfeeding beyond twelve months. Lancet 1988; 2:1016.

Underwood, B. A. Weaning practices in deprived environments: the Weaning dilemma. Pediatr 1985; 75:194-98.

Victora, C. G. et al. Is prolonged breastfeeding associated with malnutrition? Am J Clin Nutr 1984; 39:307-14.

Waletzky, L. R. Breastfeeding and weaning: some psychological considerations. Primary Care 1979; 6:341-55.

Whitehead, R. G. The human weaning process. Pediatr 1985; 75: 189-93.
http://www.aleitamento.org.br/arquivos/toddler1.htm

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mercúrio presente no marisco e no peixe aumenta risco para Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Um estudo recente em 518 pessoas constatou que elevados níveis de mercúrio no corpo associado ao consumo de peixe e marisco aumenta o risco de desenvolver a doença de Lou Gehrig (ELA), uma doença neurodegenerativa que leva à paralisia e à morte. Entender os factores de risco da esclerose lateral amiotrófica possibilita-nos realizar alterações no nosso estilo de vida, como por exemplo, evitar o consumo de peixes e moluscos, de forma a prevenir esta doença e diminuir a incidência a longo prazo. Nota de pesquisa:  Pesquisas epidemiológicas como essa podem revelar novos factores comportamentais humanos ou exposições ambientais que nos levam à doença. Estudos a nível da população também podem fornecer uma visão ampla de como a doença se desenvolve em seres humanos que não teria sido prontamente descoberto em estudos animais ou celulares. Stommel E, Chen C, Caller T, et al. Fish consumption, mercury levels, and amyotrophic lateral sclerosis (ALS). Paper pr

Hipócrates - "O Pai da Naturopatia"

"Um homem sábio deve considerar a saúde a sua maior bênção humana e aprender através do seu pensamento a beneficiar das doenças.   Aprender com elas." A figura de Hipócrates fez parte diária de toda a jornada do meu curso de Naturopatia. Durante os quatro anos de estudo, diariamente algum dos docentes aclamava o nome de Hipócrates para contextualizar o que estava a transmitir.  Este, apesar de tão aclamado é também facilmente esquecido, mas todos o reconhecem como o  " Pai da Medicina ". Todos os estudiosos de Medicina fazem o juramento de Hipócrates antes de entrar na prática médica. Mas será que sabem realmente quem ele foi? E tu sabes? O nosso amigo Hipócrates nasceu na Grécia, numa ilha chamada Cos, na Grécia (aii um dia também lá irei eheh). Ele não se contentava com o "diz que disse" ou "é assim porque é" ...nada disso. A mente dele era altamente investigativa e por isso refutava quase todas as crenças que ex

Plantas Medicinais na Gravidez e Parto

Como mãe de um lindo rapaz, sei bem o que são os desconfortos que nos podem assolar a gravidez. Como naturopata recorro às plantas medicinais para ajudar as minhas grávidas a passar de forma mais suave pelos tumultos hormonais que ocorrem num período tão belo que é a formação de uma nova vida dentro de nós. As grávidas geralmente experiênciam pequenos sintomas, como náuseas, constipações e insónias nos quais a fitoterapia pode ajudar de forma suave e segura. No geral, a maioria das plantas medicinais, tradicionalmente usadas para suportar a gravidez, são seguras quando usadas moderadamente. Existem poucos relatórios de efeitos adversos em grávidas que utilizam plantas medicinais e os que existem têm sido relacionados a plantas que não são consideradas seguras durante a gravidez, ou então devido a produtos que foram contaminados com plantas perigosas ou pior, com aditivos farmacêuticos que é o que tem acontecido com bastante frequência nos produtos importados da China e