Avançar para o conteúdo principal

Folhas de framboesa (Rubus idaeus) para um parto mais suave

Pixabay
A Framboesa (Rubus idaeus) é nativa de várias partes da Europa e do Norte da América e tem sido usada como planta medicinal por conter vários princípios activos benéficos na gravidez, parto e amamentação.

As evidências sugerem que as folhas de Framboesa, ingeridas regularmente durante a gravidez e o trabalho de parto podem:

-       Atenuar os sintomas dos enjoos matinais;
-       Atenuar e previr o sangramento das gengivas que ocorre em muitas grávidas;
-       Auxiliar no nascimento do bebé e na explosão da placenta;
-       Acalmar as cãibras uterinas (Burn & Withell, 1941);
-       São fonte de Ferro, Cálcio, Magnésio e Manganês, contêm vitamina B1, B3 e E. O Magnésio é especialmente útil no alongamento dos músculos uterinos.

As folhas de Framboesa também são usadas para:
-       Aumentar a fertilidade;
-       Promover o aumento de leite materno
-       Ajuda a diminuir o sangramento excessivo após o parto;
-       Tratar a diarreia;
-       Regular o ciclo menstrual e diminuir os períodos com menstruação mais abundante
-       Alivia a garganta inflamada
-       Reduz a febre

O uso desta planta para fins medicinais data do 6º século e os seus benefícios no nascimento têm sido registados como prova na maternidade na maioria dos livros de Fitoterapia.

Têm sido feitas pesquisas sobre o efeito do consumo das folhas de Framboesa em animais e em mulheres na primeira semana pós-parto (Burn&Withell, 1941; Whitehouse, 1941).
Descobriu-se que as folhas de framboesa causam um efeito relaxante no útero. Acredita-se que esse efeito relaxante faz com que as contracções uterinas do parto se tornem mais coordenadas e mais eficientes, encurtando o trabalho de parto.
Também se assume que as mulheres que ingerem folhas de Framboesa durante o parto terão uma melhor 2ª e 3ª fase de parto. Como consequência, acredita-se que reduz o risco de sangramento pós-parto.

Três parteiras do Hospital Westmead em Sydney pesquisaram várias literaturas em busca de estudos acerca do uso das folhas de Framboesa e os seus efeitos no parto, mas não encontraram, assim, decidiram fazer os seus próprios estudos.

O 1º estudo que levaram a cabo foi um estudo observatório em mulheres que já ingeriam folhas de Framboesa na gravidez. Compararam-nas com mulheres que não ingeriam a planta. Eram 108 mulheres a participar no estudo (57 a tomar as folhas de Framboesa e 51 sem a sua ingestão).
Algumas mulheres começaram a ingerir folhas de Framboesa por volta das 8 semanas, e outras às 39 semanas. A maioria, começou entre as 28 e as 34 semanas de gestação.

As conclusões do estudo observatório sugeriu que as folhas de Framboesa podem ser consumidas por mulheres durante a gravidez com o propósito de diminuir o trabalho de parto sem efeitos secundários identificáveis tanto para a mãe como para o bebé. Um achado inesperado neste estudo foi o facto das mulheres no grupo das Folhas de Framboesa terem tido menos probabilidade de requerer uma ruptura das membranas de forma artificial, recorrerem a cesariana, a forcipes ou a ventosas do que as mulheres do grupo controlo.

Duas das Três parteiras originais (Myra Parsons e Michele Simpson) decidiram que o próximo passo seria fazer um estudo aleatório controlado, usando uma amostra maior, para reforçar os achados do estudo anterior.
          
Este 2º Estudo foi concluído no inicio do ano 2000. Parsons (2000) relatou que este 2º estudo demonstrou a segurança das cápsulas de folhas de framboesa (2.4gm/dia) ingerido a partir das 32 semanas de gestação até ao inicio do trabalho de parto. Não ocorreram efeitos adversos identificáveis tanto para a mãe como para o bebé.

A análise dos resultados sugeriu que as cápsulas de folhas de Framboesa encurtaram a 2ª fase do parto por uma média de 10 minutos mas que não houve diferença significativa no tempo de duração da 1ª fase de parto.

As cápsulas das folhas de Framboesa reduziram a incidência da ruptura artificial das membranas, dos forcipes e das ventosas no nascimento. Apesar da incidência reduzida destas intervenções não terem sido estatisticamente significativas, as investigadoras afirmam que os resultados obtidos foram “Clinicamente significativos”.

            ADMINISTRAÇÃO (Elaborado por Parsons (1999):
-       Saquetas de Chá:
1º Trimestre: 1 chávena por dia;
2º Trimestre: 2 chávenas por dia;
3º Trimestre: 4 a 5 chávenas por dia.
-       Folhas de Framboesa: 1 Chávena de água a ferver. Remover do lume e adicionar 1 colher de chá da planta. Tapar e deixar repousar durante 10 minutos.
2 a 3 chávenas por dia;

NOTA: As folhas de Framboesa geralmente são recomendadas por Naturopatas. Consulte um profissional antes da sua utilização.
            Muitos profissionais recomendam a sua ingestão a partir das 32/34 semanas de gestação e continuar durante o nascimento e amamentação.

Referências
  • Burn J. H. & Withell E. R. (1941). A principle in raspberry leaves which relaxes uterine muscle. The Lancet, July 5, pp. 1-3.
  • Thomas. C. L. (ed.). (1985). Taber’s cyclopedic medical dictionary 16th ed. F. A. Davis: Philadelphia.
  • www.botanical.com/botanical/mgmh/r/raspbe05.html
  • www.theholisticchannel.com/Herb/Red_Raspberry.htm (website no longer available).
  • Parsons, M. (1999). Raspberry leaf. Pregnancy, Birth and Beyond Newsletter, 1(2),  pp. 1-2.
  • Parsons, M. (2000). [Raspberry leaf]. Emailed report
  • Queensland Health. (1997). A health start in life: Nutrition for mother and child. Author: Coorparoo.
  • Whitehouse B. (1941). Fragrance: an inhibitor of uterine action. British Medical  Journal, Sept 13, pp. 370-371.
  • Wilson, M. (1993). Herbal tea consumption during pregnancy. Author: Wollongong.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mercúrio presente no marisco e no peixe aumenta risco para Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

Um estudo recente em 518 pessoas constatou que elevados níveis de mercúrio no corpo associado ao consumo de peixe e marisco aumenta o risco de desenvolver a doença de Lou Gehrig (ELA), uma doença neurodegenerativa que leva à paralisia e à morte. Entender os factores de risco da esclerose lateral amiotrófica possibilita-nos realizar alterações no nosso estilo de vida, como por exemplo, evitar o consumo de peixes e moluscos, de forma a prevenir esta doença e diminuir a incidência a longo prazo. Nota de pesquisa:  Pesquisas epidemiológicas como essa podem revelar novos factores comportamentais humanos ou exposições ambientais que nos levam à doença. Estudos a nível da população também podem fornecer uma visão ampla de como a doença se desenvolve em seres humanos que não teria sido prontamente descoberto em estudos animais ou celulares. Stommel E, Chen C, Caller T, et al. Fish consumption, mercury levels, and amyotrophic lateral sclerosis (ALS). Paper pr

Hipócrates - "O Pai da Naturopatia"

"Um homem sábio deve considerar a saúde a sua maior bênção humana e aprender através do seu pensamento a beneficiar das doenças.   Aprender com elas." A figura de Hipócrates fez parte diária de toda a jornada do meu curso de Naturopatia. Durante os quatro anos de estudo, diariamente algum dos docentes aclamava o nome de Hipócrates para contextualizar o que estava a transmitir.  Este, apesar de tão aclamado é também facilmente esquecido, mas todos o reconhecem como o  " Pai da Medicina ". Todos os estudiosos de Medicina fazem o juramento de Hipócrates antes de entrar na prática médica. Mas será que sabem realmente quem ele foi? E tu sabes? O nosso amigo Hipócrates nasceu na Grécia, numa ilha chamada Cos, na Grécia (aii um dia também lá irei eheh). Ele não se contentava com o "diz que disse" ou "é assim porque é" ...nada disso. A mente dele era altamente investigativa e por isso refutava quase todas as crenças que ex

Plantas Medicinais na Gravidez e Parto

Como mãe de um lindo rapaz, sei bem o que são os desconfortos que nos podem assolar a gravidez. Como naturopata recorro às plantas medicinais para ajudar as minhas grávidas a passar de forma mais suave pelos tumultos hormonais que ocorrem num período tão belo que é a formação de uma nova vida dentro de nós. As grávidas geralmente experiênciam pequenos sintomas, como náuseas, constipações e insónias nos quais a fitoterapia pode ajudar de forma suave e segura. No geral, a maioria das plantas medicinais, tradicionalmente usadas para suportar a gravidez, são seguras quando usadas moderadamente. Existem poucos relatórios de efeitos adversos em grávidas que utilizam plantas medicinais e os que existem têm sido relacionados a plantas que não são consideradas seguras durante a gravidez, ou então devido a produtos que foram contaminados com plantas perigosas ou pior, com aditivos farmacêuticos que é o que tem acontecido com bastante frequência nos produtos importados da China e