A mulher vegetariana que engravida, frequentemente passa por situações de intensa pressão familiar devido à ausência de carne na dieta.
Isto é fruto de preconceito e desconhecimento dos nutrientes presentes na dieta vegetariana.
Sem dúvida alguma que a dieta vegetariana é segura para as grávidas
Com um bom planeamento, a dieta vegetariana (inclusive vegana) é adequada para gestantes, fornece os nutrientes necessários (excepto a vitamina B12) e promove o crescimento e desenvolvimento adequado do feto. Os bebés de mulheres vegetarianas têm o peso semelhante ao das não vegetarianas ao nascimento.
As diferenças nutricionais e médicas quanto às condutas, diferem apenas no cuidado extra com a vitamina B12 na vegetariana. Todos os demais cuidados são idênticos aos das onívoras.
No entanto, e para TODAS as grávidas, há diferenças nas necessidades nutricionais da mulher quando ela engravida. Ela precisará de mais cálcio, ferro e outros nutrientes. O ajuste alimentar é importante para que a dieta fique de acordo com as exigências desse período.
Em relação à vitamina B12, quando esta encontra-se reduzida no organismo, ocorre o aumento de um composto chamado homocisteína, que está correlacionado com maior risco de descolamento de placenta, defeitos na formação fetal, aumento da pressão arterial da mãe e nascimento de bebés prematuros e com baixo peso.
Há um estudo que demonstrou que quando a homocisteína está elevada, há risco 3,26 vezes maior de nascimento de um bebé com menor peso (228 gramas a menos).
A homocisteína elevada parece estar associada ao parto prematuro por estimular contrações uterinas.
A deficiência de B12 (levando ao aumento da homocisteína) não é uma exclusividade das vegetarianas. Um estudo Latino-americano demonstrou que cerca de 40% das mulheres onívoras têm deficiência desta vitamina.
O uso da vitamina B12 deve ser sempre avaliado após dosagem laboratorial, seja na mulher vegetariana ou omnívora A dose a ser utilizada será diferente se houver ou não deficiência de B12. Por isso, o acompanhamento é fundamental, assim como a eficácia do seu uso.
Ferro
Nos três primeiros meses da gestação ocorre um aumento de 20% na produção de células vermelhas da mulher. Isso demanda uma enorme quantidade de ferro. Nos últimos 3 meses de gestação, a quantidade de ferro que é depositada na placenta e entregue ao bebé é enorme! O ferro proveniente da alimentação comum é insuficiente para fornecer as necessidades básicas de uma gestante, que pode aumentar em até 3 vezes.
De forma ilustrativa, uma mulher com uma ferritina (“depósito de ferro”) de 60 ng/mL (valor dificilmente encontrado numa mulher que menstrua) tem cerca de 500 mg de ferro armazenado.
Na gestação, a necessidade de ferro para suprir a demanda chega a 1400 mg do mineral. Se uma mulher não tem reservas de ferro adequadas antes de engravidar, inevitavelmente ocorrerá carência na gestação.
Há diversos problemas decorrentes da deficiência de ferro na gestação:
- Anemia durante a gestação com queixas de cansaço;
- Anemia no pós-parto, devido à perda de sangue durante o parto;
- Maior risco de depressão pós-parto;
- Risco 4 vezes superior do bebé nascer com pouco peso;
- Maior risco de parto prematuro.
Concluindo, vegetarianas e omnívoras têm o mesmo risco de carência de ferro, pois a questão é metabólica, e não alimentar.
Ômega-3
Quando em baixos níveis, pode induzir ao parto prematuro.
De forma prática, pode-se utilizar a semente de linhaça triturada, na quantidade de 3 colheres de sopa por dia.
Utilizando a quantidade recomendada de ômega-3 de origem vegetal (linhaça), ocorre a conversão satisfatória deste nutriente para a sua forma activa (EPA e DHA).
Cálcio
A sua necessidade aumenta na gestação, assim como o quantidade que o organismo da gestante consegue absorver da dieta. É importante que haja uma adequação alimentar pois muitas mulheres (omnívoras e vegetarianas) não conseguem, por falta de planeamento dietético, atingir as necessidades diárias durante a gestação.
Atingir as necessidades diárias, não é difícil, mas depende muito dos hábitos e predileções da gestante. O uso de tofu, bebidas vegetais se sementes de sésamo, de amêndoa e a ingestão de verduras como couve, brócolos, mostarda, escarola, rúcula e agrião devem ser priorizados sendo fundamental comer estes alimentos em quantidade suficiente.
Evite o consumo de espinafre, beterraba (especialmente as folhas), acelga e cacau nas refeições mais ricas em cálcio.
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