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A FILOSOFIA DO PAI DA MEDICINA

Segundo Hipócrates, o Pai da Medicina, devemos fazer dos alimentos os nossos remédios. Essa filosofia era a base de toda a medicina grega antiga e ensinava que a boa alimentação é o alicerce da saúde. Contudo, muito mais do que uma técnica alimentar, o sistema de Hipócrates utilizava o poder directo da cura de diversos alimentos, empregando-os tanto na recupera­ção do organismo nas diversas doenças, como na prevenção das mesmas. Na lista dos alimentos-remédios da Grécia, estavam o alho, o gengibre, a cevada, diversas frutas, o azeite, o vinagre de vinho, o próprio vinho, vários tipos de chás, sementes oleaginosas e as pimentas, além de centenas de outros secundários.
Concentrava-se a atenção no efeito específico do alimento e, com base nele, dietas exclusivas — ou concentradas em determinado item — eram prescritas para o tratamento de diversas doenças. Entendia-se que o corpo era formado pela essência dos alimentos ingeridos: se alimentos prejudiciais eram ingeridos, poderiam provocar distúrbios e as doenças classificadas pela medicina; Em caso oposto, os bons alimentos eram considerados como capazes de curar aquilo que os maus produziam. Embora esta visão e experiência não figure como essencial na medicina convencional moderna, as novas correntes de pensamento médico já a resgataram, e temos agora uma outra realidade quanto à importância da alimentação e do poder curativo de determinados alimentos. Actualmente existe o conceito e a classificação de “alimentos funcionais”, que são aqueles considerados capazes de promover a saúde. Com o advento da medicina ortomolecular, temos uma reedição actualizada do pensamento de Hipócrates, pois a ciência já conhece as propriedades medicinais e composições que explicam como os alimentos podem tratar. No grupo dos alimentos funcionais está a soja, a uva, o tomate, o limão, o abacaxi, a cenoura, o arroz integral, entre outros, mas já há lugar de destaque para as pimentas.
O nome pimenta vem da forma latina pigmentum, “matéria corante”, que no espanhol é pimienta, passando depois ao entendimento contemporâneo como “especiaria aromática”.
É importante saber que as pimentas eram utilizadas na medicina e na culinária muito antes de Hipócrates, que viveu por volta do século 5 a.C. Já na antiga medicina tibetana e ayurvédica, médicos sacerdotes, e a própria população, utilizavam os poderes medicinas para tratar as múltiplas enfermidades. Nos livros sagrados da medicina ayurvédica figuram diversas fórmulas em que as pimentas constituem elementos importantes. Segundo o conhecimento da medicina indiana antiga, as plantas pungentes (ardidas) combatem o excesso de mucosidades acumuladas no organismo, eliminam toxinas (ama) e tonificam a energia vital. Mas não apenas na medicina indiana vamos encontrar as pimentas como recursos medicinais. Na medicina chinesa antiga são inúmeros os métodos de tratamento com pimenta, o mesmo acontece na medicina egípcia, mesopotâmica, persa, e depois árabe que, com a expansão do Islão, difundiu a sua avançada medicina por praticamente todo o mundo.
A pimenta figura como um importante recurso medicinal em todos os sistemas médicos conhecidos e em todas as culinárias do planeta. Pela sua capacidade de produzir calor e rubor, sempre foi considerada um excelente afrodisíaco e, como tal, parece ter cumprido a sua missão. Por esse motivo, a utilização da pimenta como condimento foi proibida para monges, sacerdotes, discípulos e religiosos celibatários, de modo a evitar o estímulo do desejo sexual.
Povos que utilizam regularmente a pimenta são conhecidos pela sua fertilidade, como os indianos e os chineses. A região italiana da Calábria, onde um tipo de pimenta semelhante à nossa malagueta é utilizada em grande quantidade na alimentação, os homens possuem quantidades de espermatozóides bem superiores à média mundial. Com base nisso, existe um bom recurso da Medicina Tradicional para combater a esterilidade masculina e a baixa quantidade de espermatozóides: a ingestão de uma a duas pimentas pequenas (tipo malagueta) por dia, às refeições, sem mastigar, como se fossem comprimidos.
Tratados médicos persas antigos, certamente como herança da medicina Ayurvédica, recomendavam a ingestão de pimenta para combater dores musculares e dores de cabeça, o que criou a tradição de se adoptar as pimentas como condimento para combater a enxaqueca, actualmente.
Estudos mostram que a pimenta, pela sua capacidade anti-séptica e protectora, fazia parte das fórmulas para o embalsamamento de múmias no Egipto. Entre os povos pré-colombianos na América (incas, astecas, maias, tupis, guaranis etc.), plantas picantes sempre foram utilizadas como alimento e como remédio.
As pimenteiras do género Capsicum são nativas da América, mas a sua origem exacta é controversa: alguns pesquisadores acreditam que surgiram na Bacia Amazónica, outros afirmam que se originaram na América Central ou ainda no México. Na América, as pimentas parecem ter surgido há 7.000 anos a.C. na região do México Central. As primeiras pimentas consumidas foram recolhidas provavelmente de plantas selvagens, o que coloca as pimentas entre as plantas cultivadas mais antigas das Américas. Os americanos pré-históricos cultivaram a pimenta selvagem piquin, que se multiplicou geneticamente nos vários tipos de pimenta hoje conhecidos.
Alimentos funcionais são aqueles que fazem parte de um grupo de elite dos nutrientes. São assim classificados pelo FDA (Agência que controla os medicamentos e alimentos) nos Estados Unidos e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil: alimentos que, além de possuir nutrientes, contêm também componentes de acção protectora, medicinal, terapêutica e curativa especial.

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